sexta-feira, 5 de agosto de 2011

DIA DO ESTUDANTE

Ser Estudante
 
"Se quiseres ser um verdadeiro estudante Não aprenda só o superficial, Pois o difícil pode se tornar barreira vencida. Para aquele cujo momento chegou agora, nunca é tarde demais! Aprender o ABC não basta, mas aprenda-o. Procura na escola o que deseja para tua vida, Pois ela te recolherá, orientará, dirigirá. Confia nos teus mestres: eles não te decepcionarão. Se não tens teto, cobre-te de saber, De vontade, de garra. Se tens frio, se tens fome, Agarra-te ao livro: ele é uma boa arma para lutar. Se te faltar coragem, Não tenha vergonha de pedir ajuda. Certamente haverá alguém para te estender a mão. Sê leal, fraterno, amigo, forte! Nunca te deixes ser fraco, desleal, covarde. Pois tu, jovem estudante, tens que assumir o comando do teu país. Respeita para ser respeito. Valoriza para ser valorizado. Espalha amor para seres amado. Não tenhas medo de fazer perguntas: toda a resposta terá sentido. Não te deixes influenciar por pensamentos alheios ou palavras bonitas. Tenha a tua própria linguagem (aperfeiçoa-te). Quando te deparares com a injustiça, a impunidade, a corrupção, a falta de limites, o abuso de poder, Pensa na existência de tudo o que te cerca. Busca o teu ideal e lembra: um valor não se impõe, se constrói. Não faça do teu colega, uma escada para subir. Isto é imoral e a imoralidade não faz parte da tua lição."

quinta-feira, 14 de julho de 2011

REFLEXÕES

A coisa mais linda de todas? O amor.
A distração mais bela? O trabalho.
A estrada mais rápida? O caminho correto.
A força mais potente do mundo? A fé.
A maior satisfação? O dever cumprido.
A pessoa mais perigosa? A mentirosa.
A pior derrota? O desalento.
A primeira necessidade? Comunicar-se.
A raiz de todos os males? O egoísmo.
A sensação mais grata? A paz interior.
As pessoas mais necessárias? Os pais.
O dia mais bonito? Hoje.
O maior erro? Abandonar-se.
O maior mistério? A morte.
O maior obstáculo? O medo.
O mais fácil de acontecer? Equivocar-se.
O mais imprescindível? O lar.
O melhor remédio? O otimismo.
O pior defeito? O mau humor.
O pior sentimento? O rancor.
O presente mais belo? O perdão.
O que mais faz feliz? Ser útil aos outros.
Os melhores professores? As crianças.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

UM MINUTO

Quero um minuto seu! Só um! É pouquinho.
Um minuto serve para sorrir. Um minuto serve para ver o caminho, olhar a flor, sentir a grama molhada, notar a transparência da água.
Basta um minuto para avaliar a imensidão do infinito, mesmo sem poder entendê-lo!
Num minuto dá para ouvir o cantar dos pássaros que vão desaparecer no horizonte. Ouvir o silêncio, ou até começar uma canção.
Num minuto você diz o sim que modifica a sua vida.
Basta um minuto para você apertar a mão de alguém ou fazer um amigo.
Quanta vitória se conquista num simples minuto!
Num minuto você pode incentivar alguém ou desanimá-lo!
Basta um minuto de atenção para você fazer feliz um filho, um aluno, um professor, um semelhante.
Basta um minuto para você entender que a eternidade é feita de minutos.

terça-feira, 21 de junho de 2011

DOSSIÊ - O CORTIÇO

APRESENTAÇÃO: O cortiço é um livro naturalista o livro que tem mais sucesso em ilustrar o naturalismo no Brasil, sendo assim, pode-se perceber características desse estilo muito fortes no livro. É importante lembrar que nessa obra o personagem principal não é João Romão e sim o cortiço. O cortiço é uma espécie de favela, que João Romão a muito custo construiu, economizando o quanto podia e levando vantagem na venda de produtos em sua mercearia. Na trajetória conseguiu também uma aliada, Bertoleza que o ajudava a roubar material de construção de uma pedreira da região para a construção de pequenos cubículos, que mais tarde seriam habitados por trabalhadores da pedreira e suas esposas lavadeiras, sem saber que João compraria posteriormente a pedreira.





INTRODUÇÃO: O Cortiço (1890), expressão máxima do Naturalismo Brasileiro, apresenta como personagem principal João Romão, português que pode ser encarado como metáfora do capitalismo selvagem, pois tem como principal objetivo na vida enriquecer a qualquer custo. Ambicioso ao extremo, não mede esforços, sacrificando até a si mesmo. Veste-se mal. Dorme no mesmo balcão em que trabalha. Das verduras de sua horta, come as piores: o resto vende.
João Romão, português ambicioso, compra pequeno estabelecimento comercial na cidade do Rio de Janeiro ao lado do qual morava uma escrava fugida (Bertoleza) que possuía uma quitanda e algumas economias com quem João Romão passa a viver. Com o dinheiro de Bertoleza, o português compra algumas terras, aumentando seu patrimônio e forja uma carta de alforria para sua companheira.




ÍNDICE:


CAPITULO I ....................................................................pag. 04


CAPITULO II ...................................................................pag. 05


CAPITULO III ..................................................................pag. 06


CAPITULO IV...................................................................pag. 07


CAPITULO V.....................................................................pag. 08


CAPITULO VI ...................................................................pag. 09


CAPITULO VII .................................................................pag. 10


CAPITULO VIII ...............................................................pag. 11


CAPITULO IX ...................................................................pag. 12


CAPITULO X ....................................................................pag. 13


CAPITULO XI ...................................................................pag. 14


CAPITULO XII .................................................................pag. 15


CAPITULO XIII ...............................................................pag. 16


CAPITULO XIV ................................................................pag. 17


CAPITULO XV .................................................................pag. 18


CAPITULO XVI ................................................................pag. 19


CAPITULO XVII ..............................................................pag. 20


CAPITULO XVIII .............................................................pag. 21


CAPITULO XIX ................................................................pag. 22


CAPITULO XX .................................................................pag. 23


CAPITULO XXI ................................................................pag. 24


CAPITULO XXII ..............................................................pag. 25


CAPITULO XXIII .............................................................pag. 26

ILUSTRAÇÃO ..................................................................pag. 27


FONTE DE PESQUISA ....................................................pag. 28


Capítulo I
Capítulo introdutório que apresenta a trajetória pregressa do português João Romão e sua determinação em enriquecer. É já nesse capítulo que ele se junta à Bertoleza, escrava fugida, e usa-a como empregada e amante.
Ao lado de sua venda, foi vendido um sobrado para a família de outro português, Miranda. Desde então, estabelece-se um paralelo entre a vida desses dois portugueses: um que optou em enriquecer através de muito trabalho (nem sempre honesto) e outro que optou pela ascensão social através de um casamento de conveniência. Ações centrais do capítulo:
• Ascensão de João Romão
Não obstante, as casinhas do cortiço, à proporção que se atamancavam, enchiam-se logo, sem mesmo dar tempo a que as tintas secassem. Havia grande avidez em alugá-las; aquele era o melhor ponto do bairro para a gente do trabalho. Os empregados da pedreira preferiam todos morar lá, porque ficavam a dois passos da obrigação.
Noventa e cinco casinhas comportaram a imensa estalagem.
• O relacionamento doente entre Miranda e sua esposa Estela
E ela também, ela também gozou, estimulada por aquela circunstância pican­te do ressentimento que os desunia; gozou a desonestidade daquele ato que a ambos acanalhava aos olhos um do outro; estorceu-se toda, rangendo os dentes, grunhindo, debaixo daquele seu inimigo odiado, achando-o também agora, como homem, melhor que nunca, sufocando-o nos seus braços nus, metendo-lhe pela boca a língua úmida e em brasa. Depois, um arranco de corpo inteiro, com um soluço gutural e estrangulado, arquejante e convulsa, estatelou-se num abandono de pernas e braços abertos, a cabeça para o lado, os olhos moribundos e chorosos, toda ela agonizante, como se a tivessem crucificado na cama.

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Capítulo II
Capítulo mais centrado na família de Miranda. Apresenta a safadeza de Estela e o jogo de interesse que mantém o velho Botelho como hóspede perma­nente da casa. Conhecia todas as faltas de Estela e, naquele dia, surpreendeu-a “entalada entre o muro e o Henrique”.
Se vi, creia, foi como se nada visse, porque nada tenho a cheirar com a vida de cada um!... A senhora está moça, está na força dos anos; seu marido não a satisfaz, é justo que o substitua por outro! Ah! isto é o mundo, e, se é torto, não fomos nós que o fizemos torto!... Até certa idade todos temos dentro um bichinho-carpinteiro, que é preciso matar, antes que ele nos mate! Não lhes doam as mãos!... apenas acho que, para outra vez, devem ter um pouquinho mais de cuidado e...
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Capítulo III
Um dos mais conhecidos da obra. Descreve, com detalhes, o acordar do cortiço, em que toda a cena é rica em detalhes, sons e movimentações.
São apresentados todos os moradores do cortiço: as lavadeiras, seus maridos e filhos. Destaque para a personagem Pombinha. Menina prendada que destoa da gentalha que mora por ali. Está prometida a casamento com João da Costa, mas, como ainda não menstruou, deve aguardar.
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Capítulo IV
Jerônimo chega ao cortiço e se oferece para trabalhar na pedreira de João Romão. Desde o início, mostra seu valor e determinação:
– Duvido que prestem! Aposto a mão direita em como o senhor não encontra por cinqüenta mil-réis quem dirija a broca, pese a pólvora e lasque fogo, sem lhe estragar a pedra e sem fazer desastres!
– Sim, mas setenta mil-réis é um ordenado impossível!
– Nesse caso vou como vim... Fica o dito por não dito!
– Setenta mil-réis é muito dinheiro!...
– Cá por mim, entendo que vale a pena pagar mais um pouco a um trabalhador bom do que estar a sofrer desastres, como o que sofreu sua pedreira a semana passada! Não falando na vida do pobre de Cristo que ficou debaixo da pedra!
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Capítulo V
Jerônimo com sua esposa Piedade e com a filha Zulmira se muda para o cortiço. Mostra-se um trabalhador obstinado: Jerônimo acordava todos os dias às quatro horas da manhã, fazia antes dos outros a sua lavagem à bica do pátio
A sua picareta era para os companheiros o toque de reunir. Aquela ferramenta mo­vida por um pulso de Hércules valia bem os clarins de um regimento tocando alvorada.
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Capítulo VI
Volta de Rita Baiana para o cortiço, o que se transforma em motivo de festa e alegria para todos. Estivera fora (em Jacarepaguá) por alguns anos com seu homem, Firmo.
Rita carregou para dentro do seu cômodo as provisões que trouxera; abriu logo a janela e pôs-se a cantar. Sua presença enchia de alegria a estalagem toda.
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Capítulo VII
Tarde de domingo muito animada no cortiço. Miranda vocifera contra o baru­lho, mas só ouvem gargalhadas como resposta. À noite, arma-se uma roda de samba animadíssima. Rita dançando, encanta a todos, principalmente a Jerônimo: Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu che­gando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras bambas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantarinas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.
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Capítulo VIII
Jerônimo cai doente, não aceita os cuidados da esposa, mas, quando Rita chega para ajudar, anima-se imediatamente. Despreza o chá de Piedade e aceita o forte café de Rita e depois a cachaça parati. Nessa altura, já está perdido pela mulata sensual.
Henrique, do sobrado, olha para Leocádia e mostra-lhe um lindo coelhinho e dá a entender que em troca de favores sexuais poderia dar o coelhinho para ela. Vão ter a relação sexual atrás do cortiço. A cena é grotesca: Leocádia gritando que queria um filho para poder ganhar dinheiro como ama de leite, e Henrique, sôfrego e louco de desejo, apertando o coelhinho pelas orelhas. Ao final, são surpreendidos por Bruno, marido de Leocádia, que arma um escândalo. Tanto Henrique como o coelhinho fogem.
Expulsa de casa, Leocádia recebe o apoio de Rita Baiana.
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Capítulo IX
Início da transformação lenta, mas gradativa de Jerônimo: de excelente trabalhador passa a ser preguiçoso indolente e sem responsabilidades. Cada vez mais se distancia de seus hábitos e paladares portugueses, e também de sua esposa, que, desesperada, pede auxílio à Bruxa.
Nova confusão no cortiço: Marciana descobre que sua filha, Florinda, está grávida de seu Domingos, o caixeiro da venda de João Romão. As lavadeiras todas se solidarizam e se colocam contra o caixeiro, armando um escândalo. Marciana ameaça ir à polícia, mas João Romão diz que irá acertar tudo.
Chegada de Léonie, prostituta e lésbica, com sua afilhada Juju, filha de Augusta e Alexandre. Admirada por todos, Léonie pergunta por Pombinha que, ao chegar, vai ao seu encontro. “Gostavam-se muito uma da outra”.
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Capítulo X
Preparos da festa na casa de Miranda: ele recebera o título de Barão do Freixal.
No cortiço, descobre-se que o caixeiro fugira. João Romão fingiu que não sabia de nada e que também havia sido prejudicado. De tanto Marciana bater em sua filha, esta foge do cortiço. João Romão, nervoso, expulsa Marciana por não querer mais escândalo por lá. Na verdade, ele estava corroído de inveja pelo título de Barão que Miranda acabara de receber e descontava em todos sua frustração.
Enquanto acontecia a festa chique no sobrado, uma nova e animada roda de samba acontecia no cortiço, porém Jerônimo, enfeitiçado por Rita Baiana, faz crescer o ciúmes em Firmo, e principia uma luta de morte: a flexibilidade do capoeira contra a força do português.
Jerônimo era alto, espadaúdo, construção de touro, pescoço de Hércules, punho de quebrar um coco com um murro: era a força tranqüila, o pulso de chumbo. O outro, franzino, um palmo mais baixo que o português, pernas e braços secos, agilidade de maracajá: era a força nervosa; era o arrebatamento que tudo desbarata no sobressalto do primeiro instante. Um sólido e resistente; o outro, ligeiro e destemido, mas ambos corajosos.
A vitória pendia para o lado do português. Os espectadores aclamavam-no já com entusiasmo; mas, de súbito, o capoeira mergulhou, num relance, até as canelas do adver­sário e surgiu-lhe rente dos pés, grupado nele, rasgando-lhe o ventre com uma navalhada. Jerônimo soltou um mugido e caiu de borco, segurando os intestinos.
Firmo foge. A polícia chega e quer entrar no cortiço, mas João Romão não permite. Todos se armam para o combate:
Afinal o portão lascou; um grande rombo abriu-se logo; caíram tábuas; e os qua­tro primeiros urbanos que se precipitaram dentro foram recebidos a pedradas e garrafas vazias. Seguiram-se outros. Havia uns vinte. Um saco de cal, despejado sobre eles, desnorteou-os.
Principiou então o salseiro grosso. Os sabres não podiam alcançar ninguém por entre a trincheira; ao passo que os projeteis, arremessados lá de dentro, desbaratavam o inimigo. Já o sargento tinha a cabeça partida e duas praças abandonavam o campo, à falta de ar.
A batalha só terminou quando se percebeu que havia se iniciado um in­cêndio na casa número 12, logo depois caiu um violento temporal.
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Capítulo XI
O narrador conta ao leitor que quem armou o incêndio fora a Bruxa, mas, no cortiço, ninguém descobre o autor daquela maldade. João Romão é chamado na polícia para prestar esclarecimentos, muito moradores o acompanham.
Jerônimo é levado por Piedade e Rita para um hospital: “Rita afagava-o, já sem a menor sombra de escrúpulo, tratando-o por tu, ameigando-lhe os cabelos sujos de sangue com a polpa macia da sua mão feminil. E ali mesmo em presença da mulher dele, só faltava beijá-lo com a boca, que com os olhos o devorava de beijos ardentes e sequiosos.”
Pombinha amanhece abatida e nervosa, no dia anterior havia sido “abu­sada” por Léonie, durante sua visita. E metia-lhe a língua tesa pela boca e pelas orelhas, e esmagava-lhe os olhos debaixo dos seus beijos lubrificados de espuma, e mordia-lhe o lóbulo dos ombros, e agarrava-lhe convulsivamente o cabelo, como se quisesse arrancá-lo aos punhados. Até que, com um assomo mais forte, devorou-a num abraço de todo o corpo, ganindo ligeiros gritos, secos, curtos, muito agudos, e afinal desabou para o lado, exânime, inerte, os membros atirados num abandono de bêbedo, soltando de instante a instante um soluço estrangulado.
À tarde, ao tirar uma soneca, no capinzal atrás do cortiço, tem um sonho todo róseo, ao despertar percebe que, enfim, menstruara.
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Capítulo XII
Dona Isabel, louca de alegria, sai pelo cortiço a gritar; “– Minha filha é mulher! Minha filha é mulher!” A alegria foi geral.
Às vésperas da cerimônia, Pombinha percebia que nunca amaria o marido, que todos os homens eram seres fracos e resignados:
E não obstante, até então, aquele matrimônio era o seu sonho dourado. Pois agora, nas vésperas de obtê-lo, sentia repugnância em dar-se ao noivo, e, se não fora a mãe, seria muito capaz de dissolver o ajuste.
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Capítulo XIII
Surgimento de um outro cortiço (o Cabeça-de-gato), ao lado do de João Romão (Carapicus). A princípio, João Romão se preocupou com a concorrência. “Mas ao cabo de três meses, João Romão, notando que os seus interesses nada  “sofriam com a existência da nova estalagem e, até pelo contrário, lucravam com o progressivo movimento de povo que se ia fazendo no bairro, retornou à sua primitiva preocupação com o Miranda, única rivalidade que verdadeiramente o estimulava.”
Todo ele mudou: “Mandou fazer boas roupas e aos domingos refestelava-se de casaco branco e de meias, assentado defronte da venda a ler jornais. Depois deu para sair a passeio, vestido de casimira, calçado e de gravata”. Botelho, vendo a transformação de João Romão e almejando lucrar com isso, incute-lhe na cabeça a idéia de casamento com a filha de Miranda. Para tanto, exige vinte contos de réis. João Romão, a princípio, nega, mas percebendo que o velho Botelho poderia ser útil nessa empreitada aceita a proposta.
João Romão aceita um convite para jantar na casa de Miranda. Em frente ao luxo desconhecido, atrapalha-se um pouco, mas já é um modo de se aproximar de Zulmira. Ao chegar em casa e ver Bertoleza, encontra na negra um empecilho para sua ascensão social. É necessário sumir com ela.
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Capítulo XIV
Depois do incidente com Jerônimo, o relacionamento entre Rita e Firmo foi esfriando a ponto de ela faltar aos encontros com ele. Jerônimo se restabelece e volta ao cortiço, com dois objetivos em mente: matar Firmo e ir viver com Rita Baiana.
Pataca e Zé Carlos o convencem de que o “serviço” seja feito naquela mesma noite, pois Firmo está bêbado e é presa fácil.
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Capítulo XV
Pataca, fingindo-se bêbado, vai ao encontro de Firmo e lhe conta que vira Rita na praia da Saudade. Firmo, muito bêbado, vai para lá. Forma-se a embos­cada, e Jerônimo e os dois colegas matam Firmo a pauladas e o jogam de uma ribanceira, ao mar.
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Capítulo XVI
Jerônimo dirige-se à casa de Rita Baiana e conta que matou Firmo. Amam--se e resolvem fugir juntos.
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Capítulo XVII
Piedade procura pelo marido por todo o cortiço. Ao saber da morte de Firmo, entende tudo: foi Jerônimo, e ele a abandonaria por causa daquela mal­dita mulata.
Provoca Rita Baiana para uma briga e elas rolam pelo pátio do cortiço. Há torcidas de portugueses e de brasileiros, mas, no melhor da luta, o cortiço é invadido pelos capoeiras do Cabeça-de-gato que vinham vingar Firmo, o chefe da malta. Os carapicus se armaram e a batalha começou: “Desferiram-se navalhas contra navalhas, jogaram-se as cabeçadas e os voa-pés. Par a par, todos os capoeiras tinham pela frente um adversário de igual destreza que respondia a cada investida com um salto de gato ou uma queda repentina que anulava o golpe.” O combate só cessou porque um grande incêndio se precipitou a partir da casa 88.
Carapicus e Cabeças-de-gato uniram-se contra o fogo, mas a Bruxa, dessa vez, conseguira seu intento: o cortiço incendiou-se todo.
O fogo só foi vencido com a chegada dos bombeiros, que foram aplaudidos como verdadeiros heróis.
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Capítulo XVIII
Rita aproveitou para sumir de lá durante o incêndio, pois Jerônimo já a esperava numa casinha que arranjara.
Miranda vai cumprimentar João Romão e felicitá-lo pelo seguro do cortiço, ou seja, mais uma vez João Romão nada perdeu, ao contrário, saiu ganhando com esse incêndio.
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Capítulo XIX
As obras se iniciam a todo vapor. Miranda e Botelho admiravam a pros­peridade de João Romão e sempre estavam por lá. Aos domingos, João Romão jantava com o Barão e sua família, iam ao teatro etc. O único empecilho era Bertoleza. Como se livrar dela?
Jerônimo e Rita construíram uma nova vida, pouco trabalhavam e viviam na cama ou tocando violão e dançando. Piedade, abandonada, entrega-se aos poucos à bebida, perde a freguesia e seu único alento é a filha.
Jerônimo não pagou, durante 6 meses, o colégio da filha e a diretora enviou uma carta com a conta, que se não fosse paga, vetaria a entrada da criança na esco­la. Piedade, desesperada, vai atrás de Jerônimo em sua nova moradia. Encontra-o abatido e choram abraçados. Jerônimo promete pagar o colégio, mas não o faz. Piedade retorna à sua casa, agora com a filha. Jerônimo, já embriagado, recebe-as muito bem e as convida para jantar. Piedade, insuflada pela bebida, cobra mais uma vez a dívida do colégio, Jerônimo irritado expulsa-as de sua casa.
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Capítulo XX
O novo cortiço em nada lembrava o anterior. Muito melhor e mais cuida­do, oferecia 400 cômodos, quase todos já ocupados. Nessa noite, Piedade bebeu em excesso: “Era a boba da roda. Batiam-lhe palmadas no traseiro e com o pé embaraçavam-lhe as pernas, para vê-la cair e rebolar-se no chão.”
João Romão chega e dispersa a barulheira, Piedade e Pataca, embriagados, dirigem-se a casa dela. Lá, Pataca a ataca e rolam pelo chão. A filha, que tudo viu, acode a mãe, quando esta, ao final, vomita e desmaia.
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Capítulo XXI
João Romão está com a idéia fixa de despachar Bertoleza para longe de si. Não sabe como fazê-lo, mas entende que, enquanto ela estiver ali, seu casamento com Zulmira está ameaçado.
Junto com Botelho tem a idéia de devolvê-la ao seu antigo dono:
– Ah! Ela é escrava? De quem?
– De um tal Freitas de Melo. O primeiro nome não sei. Gente de fora. Em casa tenho as notas.
– Ora! então a coisa é simples!... Mande-a pro dono!
– E se ela não quiser ir?...
– Como não?! A polícia a obrigará! É boa!
Botelho receberia a quantia de duzentos mil-réis para resolver o caso.
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Capítulo XXII
Tanto a casa comercial como a “Avenida São Romão” prosperavam inces­santemente. Só Bertoleza, desconfiada de tudo, sofria temerosa e mal conseguia dormir; tinha medo de ser assassinada a qualquer momento. Nesse capítulo, ficamos sabendo o destino de Pombinha: desencantada com o casamento, abandona o marido e se entrega a outros homens. Procura Léonie e juntas dominam o meretrício da cidade. Há clientes de todos os bairros, todos dispostos a pagarem alto pelos favores das duas coiotes que desfilam sua riqueza e prosperidade pelas ruas da cidade.
Pombinha abria muito a bolsa, principalmente com a mulher de Jerônimo, a cuja filha, sua protegida predileta, votava agora, por sua vez, uma simpatia toda especial, idêntica à que noutro tempo inspirara ela própria à Léonie. A cadeia continuava e con­tinuaria interminavelmente; o cortiço estava preparando uma nova prostituta naquela pobre menina desamparada, que se fazia mulher ao lado de uma infeliz mãe ébria.
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Capítulo XXIII
Nesse capítulo final, João Romão consegue atingir seu último intento: retirar, para sempre, Bertoleza de sua vida e casar-se com Zulmira, filha de Miranda, para então ascender, finalmente, à classe “nobre” de imigrantes do Rio de Janeiro.  Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo senhor, e um calafrio percorreu-lhe o corpo. Num relance de grande perigo compreendeu a situação; adivinhou tudo com a lucidez de quem se vê perdido para sempre: adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria era uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a ao cativeiro.  Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém, circunvagou os olhos em torno de si, procurando escapula, o senhor adiantou-se dela e segurou-lhe o ombro.
– É esta! disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui--los. – Prendam-na! É escrava minha!
A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar.
Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Ber­toleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.
E depois embarcou para frente, rugindo e esbravejando moribunda numa lameira de sangue.
João Romão fugira até ao canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com as mãos.
Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de aboli­cionistas que vinha de casaca! trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito.
Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas.
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ILUSTRAÇÃO DOS CAPITULOS:









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BIBLIOGRAFIA: O CORTIÇO - 1890

O Cortiço é um romance de autoria do escritor brasileiro Aluísio Azevedo publicado em 1890. É um marco do naturalismo no Brasil, onde os personagens principais são os moradores de um cortiço no Rio de Janeiro, precursor das favelas, onde moram os excluídos, os humildes, todos aqueles que não se misturavam com a burguesia, e todos eles possuindo os seus problemas e vícios, decorrentes do meio em que vivem. O autor descreve a sociedade brasileira da época, formada pelos portugueses, os burgueses, os negros e os mulatos, pessoas querendo mais e mais dinheiro e poder, pensando em si só, ao mesmo tempo em que presenciam a miséria, ou mesmo a simplicidade de outros. Essa obra de Aluísio Azevedo tem dois elementos importantes: primeiro, o extensivo uso de zoomorfismo. Embalado pela onda científica, Aluísio escreve 'O Cortiço' sob as bases do determinismo (o meio, o lugar, e o momento influenciam o ser humano) e do darwinismo, com a teoria do evolucionismo. Sob aspectos naturalistas, isto é, sob olhar científico, a narração se desenvolve em meio a insalubridade do cortiço, propício à promiscuidade, característica do naturalismo. Ao contrário do que se desenvolvia no romantismo, Aluísio descreve o coletivo, explicitando a animalização do ser humano, movido pelo instinto e o desejo sexual, onde inaugura uma classe nunca antes representada: o proletário, evidenciando a desigualdade social vivenciada pelo Brasil, juntamente com a ambição do capitalismo selvagem. Foi a primeira obra brasileira a expor um relacionamento lésbico.

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PUBLICADO POR  DOUGLAS VINICIOS - PURA ADRENALINA